Professores unidos e atentos <br>admitem novas formas de luta
GOVERNO A Fenprof e os professores vão estar «muito atentos» ao que o Ministério da Educação vai levar para as negociações. Em Janeiro pode realizar-se uma manifestação nacional e ser marcada greve.
A Educação deve continuar a ser uma responsabilidade do Estado
«Como foi ontem aprovado por mais de meio milhar de colegas que participaram no plenário nacional descentralizado, os professores estarão atentos ao que for acontecendo nestas negociações e disponíveis para, se necessário, dar, de novo, forte expressão à luta», disse Mário Nogueira no dia 7, na tribuna pública que a Fenprof realizou na Praça Luís de Camões, em Lisboa.
O Secretário-geral da Federação Nacional dos Professores referia-se à mensagem saída, sob a forma de moção, das 21 reuniões realizadas noutras tantas localidades, por todo o País, no dia 6, para responder às posições que o Ministério expressara a 30 de Novembro, numa reunião de representantes sindicais com a secretária de Estado Adjunta e da Educação.
No final dessa reunião, o Secretariado Nacional da Fenprof acusou o ME de pretender «impor regras que prejudicam gravemente os professores», particularmente em duas áreas: na subida aos 5.º e 7.º escalões da carreira, o ME «pretende deixar à discricionariedade das Finanças a progressão na carreira docente»; nos concursos, «não só recusa resolver problemas que persistem no actual regime, como pretende avançar com um concurso interno antecipado, inútil para os propósitos anunciados».
No dia do plenário nacional descentralizado, o ME convocou uma nova sessão de negociações sobre estes dois temas, para 19 ou 20 de Dezembro. Nessa tarde, «com a negociação e a luta no centro do debate, os professores aprovaram – em quase todos os casos, por unanimidade, o que é muito significativo – uma moção que apela à luta», preconizando também a realização de novo plenário no final deste ciclo negocial.
Como adiantou a notícia publicada no sítio da Fenprof, será então avaliado o resultado das negociações e a eventual aprovação de um calendário de acção e luta, que se estenderá, pelo menos, até final do ano lectivo e que poderá incluir uma manifestação nacional e o recurso à greve. Mas a manifestação poderá ter lugar já em Janeiro, «caso o Governo recue e se recuse a recuperar todo o tempo de serviço perdido pelos docentes, para efeito de carreira, ou apresente outras propostas que neguem o compromisso que assumiu recentemente».
Admite-se ainda que seja retomada a greve às actividades directas com alunos que estão inscritas na componente não lectiva, problema a abordar com o ME a 26 de Janeiro, se faltarem «compromissos claros relativamente à normalização dos horários de trabalho dos professores».
Tempo de unir
A intervir na tribuna pública de dia 7, Mário Nogueira criticou «os que não perdem uma oportunidade para cair em cima dos professores, enxovalhando-os, insultando-os e difamando-os», e «os políticos que, na oposição, querem fazer da luta dos professores um veículo da sua luta política». O dirigente alertou que «a pior coisa que poderia acontecer seria que os professores se dividissem, olhando cada um para o seu umbigo e não para o interesse geral de toda a profissão», contrapondo que «este é tempo de unir e não de dividir», «saberemos estar unidos neste momento tão importante»
«Será essa unidade», realçou, «que nos legitimará para, no próximo dia 15 e nas negociações que decorrerão ainda este mês e em Janeiro, assumirmos a defesa de um descongelamento justo das carreiras para todos; um regime específico de aposentação para todos os professores (e não o continuado e até irresponsável aumento da idade para esse efeito e o agravamento do chamado factor de sustentabilidade); a reorganização e normalização dos horários de trabalho; uma revisão justa do regime de concursos e a sua realização em 2018 já nesse novo quadro legal».
Esta unidade deverá estender-se a outras frentes, como o combate à municipalização (que uma representação sindical levaria, no dia 9, sábado, ao congresso da Associação Nacional de Municípios, em Portimão); a defesa de um regime de efectiva inclusão escolar; a defesa de um regime de gestão democrática para as escolas, eliminado desde 2008.
Estão marcadas reuniões de negociação para amanhã, dia 15 (a carreira e sua recomposição), dia 19 ou 20 (concursos e progressão aos 5.º e 7.º escalões), e para 10 de Janeiro (reposicionamento de cerca de 7500 docentes retidos no 1.º escalão) e 26 de Janeiro (horários e aposentação).